Tudo o que você sempre quis de um jogo de luta
Tudo o que você sempre quis de um jogo de luta
Galeria de Imagens | Plataformas: X360/PS3 | Desenvolvedora: Netherrealm Studios | Editora: Warner Bros. | Gênero: Luta | Lançamento: 19/04/2011
Quem cresceu nos anos 1990 sabia que as coisas boas operavam em pólos opostos e rivais. De um lado, Mario, do outro, Sonic. De um lado, Nintendo, de outro Sega. De um lado “Street Fighter”, de outro “Mortal Kombat”.
Com o lançamento do aclamado “Street Fighter IV”, parece que a franquia da Capcom tinha levado o caneco, no fim das contas, das mãos de um “MK” cada vez mais irrelevante. Com o nono game da série, Ed Boon e seu estúdio Nether Realms mostram que não é bem assim. Dizer que “Mortal Kombat“ é bom não é o bastante. É bom para “karamba”.
É um “Mortal Kombat” clássico, sem firulas, sem personagens da DC, sem troca de estilos de luta, sem armas que podem ser puxadas no meio do combate. A experiência é focada em conhecer cada personagem e traçar estratégias diferentes para vencer os combates, preferencialmente se especializando em alguns poucos. Diferentemente de “Street Fighter”, cada golpe errado parece ter mais consequências, abrindo espaço para investidas que podem, em mãos habilidosas, arrancar belas porcentagens da barra de vida. As lutas também são rápidas, mas não parecem artificialmente aceleradas como em “Marvel Vs. Capcom 3”.


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Galeria de Imagens | Plataformas: X360/PS3 | Desenvolvedora: Netherrealm Studios | Editora: Warner Bros. | Gênero: Luta | Lançamento: 19/04/2011
A novidade para este ano é a barra de especial, que tem três níveis. A ideia não é nova e é até usada de forma bastante similar em “Street Fighter IV”, mas caiu como uma luva em “Mortal Kombat”. Com um nível preenchido, o jogador pode usar um ataque especial com mais força ou alcance.
Com dois níveis, pode executar um bloqueio especial e quando a barra está completamente cheia, pode usar um brutal X-Ray Attack, que aproxima a câmera em um ângulo quase pornográfico, mostrando ossos se quebrando e órgãos se partindo. Depois desse quase Fatality no meio da luta, que arranca um bom naco de vida, o lutador está lá, de pé, pulando de um lado para o outro com a pélvis fraturada e o pâncreas dilacerado. E você achava que Ryu, Ken e Zangief eram durões.
No departamento gráfico, os cenários são impressionantes, sempre com coisas acontecendo em segundo plano, e a violência é extremamente bem feita. Durante a luta, os kombatentes – exceto no Story Mode – vão ficando ensanguentados, rasgados e decrépitos a cada golpe.
O design dos personagens é mais questionáveis. Por um lado, eles são bem animados e usam versões atualizadas de seus figurinos clássicos, com algumas ideias impagáveis, como Johnny Cage tendo tatuado “Johnny” em letras garrafais em seu peito.


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Galeria de Imagens | Plataformas: X360/PS3 | Desenvolvedora: Netherrealm Studios | Editora: Warner Bros. | Gênero: Luta | Lançamento: 19/04/2011
Por outro lado, a modelagem dos personagens é estranha, especialmente nos lutadores que ficam sem camisa, como Liu Kang e o próprio Cage, com músculos peitorais esquisitos. As mulheres seguem a escola “quanto menos roupa, melhor” e ostentam peitões siliconados mal-contidos por fitas de tecido colado na pele.
O Story Mode mergulha no rocambolesco cânone da franquia para arrumar a casa. Na história, surpreendentemente boa considerando o material e até mesmo o gênero, Raiden está prestes a morrer, às vésperas do Armageddon. Enquanto é surrado violentamente por Shao Khan, o deus do trovão manda um convenientemente enigmático recado para sua versão do passado: “Ele deve vencer”.
Quem é ele, o que diabos precisa não acontecer ou o que está acontecendo, fica a cargo do jogador descobrir, um soco de cada vez, intercalado por cenas de corte gloriosamente exageradas e performances vocais com a sutileza de um búfalo em uma loja de porcelanas finas da dinastia Ming. Não se engane – a história é rasa como um pires e alguns confrontos não fazem o menor sentido, mas até que, no arco geral, os embates são bem explicados por uma trama que mantém o ritmo acelerado e trazem alguns personagens bons, como o hilariante Johnny Cage.


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Galeria de Imagens | Plataformas: X360/PS3 | Desenvolvedora: Netherrealm Studios | Editora: Warner Bros. | Gênero: Luta | Lançamento: 19/04/2011
O modo serve para acostumar o jogador com o controle de alguns personagens diferentes, com cada capítulo tendo um protagonista. Quando o jogador chega ao fim da história e salva o mundo do Armageddon, encontrando no meio todos os personagens mais aclamados dos três primeiros “Mortal Kombats”, ainda não arranhou nem a superfície do jogo. Além do clássico modo Arcade em formato de torre, com o jogador escalando lutas cada vez mais difíceis, há a Challenge Tower, com 300 desafios diferentes, obrigando o jogador a quebrar tábuas, enfrentar hordas de zumbis e participar de lutas com condições especiais.
Estão de volta também modos como Test Your Might, com as variações Test Your Luck e Test Your Sight. Tudo isso – incluindo o Story Mode – reverte em moedas usadas para comprar extras na Krypt, um setor com várias tumbas, cada uma com algum brinde para o jogador, como novos Fatalities, artes conceituais, músicas da trilha sonora, esboços dos Fatalities... “Mortal Kombat” é o jogo de luta com mais conteúdo abarrotado em um disco já lançado.



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Galeria de Imagens | Plataformas: X360/PS3 | Desenvolvedora: Netherrealm Studios | Editora: Warner Bros. | Gênero: Luta | Lançamento: 19/04/2011
A jogabilidade é rápida e precisa, mas isso varia incrivelmente em qual console você joga. O controle do Xbox 360, embora incrível para FPS e tantos outros gêneros, não funciona tão bem para “Mortal Kombat”, com o analógico e o digital não dando 100% de precisão para a execução perfeita dos golpes e Fatalities. Não é dizer que o game é violentamente prejudicado no console da Microsoft, longe disso, mas a versão de PS3, além de ter Kratos como personagem extra, tem um controle mais apropriado.
A jogatina online tem os modos sólidos, como partidas ranqueadas, lobbys de espera, partidas aleatórias, modo King of the Hill, entre outros. Algumas partidas sofrem com lags, mas, quando tudo está rodando suave, é bom espancar adversários. Como qualquer bom jogo de luta, no entanto, a graça e chamar seus amigos para casa e testemunhar a cara de desespero deles quando, pela oitava vez consecutiva, você incinerou suas tentativas de vitória com o flamejante Fatality de Scorpion.
“Mortal Kombat” é um trabalho de fãs para fãs. Ele celebra tudo o que fez da franquia um clássico no início dos anos 90 e atualiza o necessário para tornar o game competitivo no mundo de hoje. Com conteúdo suficiente para durar alguns invernos e fator replay quase infinito, “MK” é o game de luta da geração. Sim, o design de alguns personagens é estranho, o jogo tem alguns poucos glitches, sofre com lags e algumas lutas são tão apelativas que chegam a quase enfurecer o jogador, mas se fosse completamente polido, seria “Mortal Kombat”? Não, não seria.
Nota: 9,5
Plataformas: _Xbox 360_ | _PS3_